fevereiro 24, 2014

Mais crescimento, menos desigualdade

É o lema socialista destes dias.

Mais crescimento como? Com mais dinheiro. 
Quem vem de onde? Não sabem. Ou melhor, sabem bem que não virá de sitio nenhum. Sabem bem (eles escreveram o Memorando de Entendimento) que só tivemos dinheiro nos últimos anos porque a troika o emprestou. E só o emprestou porque garantimos que faríamos um ajuste em direção ao défice nulo. Avançamos dos 10% de Sócrates para os prometidos 4% no final de 2014. Com a ajuda da austeridade. Mas falta o resto. Dos 4% para os zero. E como se fará isto? Com mais austeridade. Ninguém tem dúvidas mas o PS continua demagógico. Levou o País à ruína e por isso vivemos (e vamos viver) anos a pagar as dívidas. Mas antes disso ainda temos que ajustar mais um pouco. Porque havendo défice a dívida crescerá sempre. É tempo da cigarra? Não. Precisamos da formiga mais uns tempos.

Menos desigualdade. Até poderia concordar. Mas a redução de desigualdades para os socialistas não se consegue subindo os mínimos. Não se consegue aumentando o bolo a dividir. Não. Consegue-se à Robin dos Bosques. Tirando a uns para dar a outros. Não acrescentando nada à economia e à riqueza global. É por isso que esta intenção "cheira mal". É por isso que, vindo dos socialistas, esta intenção apenas vai fazer reduzir o tal bolo a dividir. Pois quem o produz e se esforça por isso, passará a ter motivações acrescidas para reduzir o seu empenho face à prometida extorsão fiscal destinada a lhes tirar o que produziram para dar a quem menos tem... O Estado Social é necessário. E determinante. Mas apenas o Estado Social possível, em função da efetiva riqueza produzida e não, nunca, pedindo emprestado (depois haverá - está a haver - menos Estado Social quando a dívida é paga) ou massacrando fiscalmente a economia, matando a "galinha dos ovos de ouro". Pois o Estado Social não existe porque se escreveu na Constituição e na medida definida pelos socialistas. Não. O Estado Social existe porque a economia produz e a sociedade é solidária. E a medida certa dessa solidariedade é a que salvaguarda essa economia e a sua produção, criando uma (necessária) paz e estabilidade social que para ela (para a produção de riqueza) concorra.

Finalmente, longe dos socialistas até poderemos retomar algum crescimento. Sé que essa retoma nem vai chegar para criar emprego. São preciso outras políticas, nomeadamente as de redistribuição do trabalho.

fevereiro 12, 2014

A saída da troika, o fim das provações...

Fim das provações?

Porque somos tão cegos e surdos no que se refere à realidade? Porque não a enfrentamos olhos nos olhos?

A verdade é que a saída da troika não nos vai trazer de volta os dias faceis do PS e de Sócrates. Não estamos numa crise momentânea, em forma de U, que vai acabar numa situação ao nível do ponto de partida. Já escrevi isto N vezes. Estamos num processo de ajuste. E o ajuste só estará completo quando o défice se anular. Quando ficar a zero. Até lá, será sempre a descer. Tal como um avião aterra numa pista: vem de cima e termina em baixo... Em forma de L.

O défice público estará em 2014 nos 4%. Temos vindo a faze-lo descer (todos temos pago por isso) 1 a 1,5% ao ano. A este ritmo (sim, mais cortes nos rendimentos e/ou mais impostos) teremos ainda 3 anos até ao défice zero.

O Estado, com Sócrates gastava mais 20% do que recebia (considerando um défice de 10% do PIB e simplificando a partir de uma despesa pública equivalente a 50% do PIB). Isso engrossou a dívida até níveis que impossibilitaram a nossa vida (os juros a pagar subiram e as taxas também). Ficamos na bancarrota.

Hoje, o Estado está mais pequeno. Gastará em 2014 apenas mais 8% do que recebe. Mas não acabou o ajuste. Precisa de desbastar esses 8%...

A saída da troika apenas indica que percorremos a parte inicial do percurso. Quem vier (ou ficar) terá que completar o trabalho. Mas o que foi feito até agora, invertendo as praticas socialistas anteriores, deu confiança a quem nos empresta e, por isso, temos (voltamos a ter) quem nos empresta para refinanciar a dívida existente e o valor do défice (que, como todos os défices, engordam a dívida).

Seguro está inseguro. Pois sabe que mente com todos os dentes ao dizer que vai inverter o processo da austeridade. Não vai, não pode, não tem dinheiro, e quem o tem, não lhe vai emprestar porque não confiam nele e no que promete. O tempo da cigarra ainda não chegou. É preciso mais formiga...

Hollande, Seguro, venha o diabo e escolha.

O Estado (também o social, dos serviços públicos, das pensões e subsídios) terá que continuar a emagrecer e a reduzir. Até se ajustar à riqueza produzida no País. Mas, nesta matéria há políticas a corrigir. E nunca para o que defende a esquerda, pois a austeridade terá que continuar. Mas numa outra direção que já indicamos aqui. Políticas de gestão da dívida (mais interna, menos externa) e de redistribuição do trabalho existente. Neste caso, através dum exercício de partilha comunitária, de solidariedade social interessante que reduziria os rendimentos de quase todos mas que, em contrapartida, faria subir a sua qualidade de vida (menos tempo de trabalho), ajustaria as empresas e o Estado e reduziriam o desemprego e os consequentes custos sociais. [Ler aqui]