agosto 29, 2013

Quarenta horas

Está decidido.
A partir de Outubro os funcionários públicos vão trabalhar mais uma hora por dia.
Um absurdo.
O problema do país não é resolvido com gente a trabalhar mais.
É resolvido com mais gente a trabalhar.

É verdade que o Estado não tem dinheiro para pagar os trabalhadores que tem. Nem para suportar todos os serviços que assegura. 

A situação como está, não poderia continuar.

Mas esta solução é um erro grosseiro.

Já há pouco trabalho disponível.
Até costuma-se dizer que, na função pública, cada trabalhador faz pouco.
Então, o que se teria que fazer?

Simplesmente, reduzir o número de horas que cada um teria que trabalhar. Não alterando a respetiva remuneração horária.

Desta forma, o salário cairia (e o Estado passaria a poder paga-lo) sem prejuizo da respetiva remuneração horária que se manter intocável.

Nos casos em que os serviços ficassem em défice, criar-se-ia emprego. Nos outros casos, o ajustamento estava feito.

Haveria que salvaguardar os funcionários com salários mais próximos dos mínimos. Mas o essencial seria garantido: uma folha salarial ajustada e mais emprego.

Porque não se discute isto nestes termos? Porque não se houve falar desta possível solução?

Por causa dos “riscos” constitucionais? Ora, não acredito. Pois isso já é assunto corriqueiro...

O país não fica mais rico se cada um trabalhar mais. O País fica mais rico se houver mais produção transacionável. O que não é a mesma coisa. Mas também poderá ficar menos pobre, produzindo o mesmo. Como? Com essa produção a ser garantida por mais gente (os que hoje trabalham e pelos que ganhariam um emprego). Ou seja, com uma atitude solidária em que os que têm trabalho cederiam uma parte do mesmo a quem não o tem. Poupar-se-ia uma imensidão de despesas sociais, ganhar-se-ia estabilidade social e evitar-se-ia a debandada na emigração. Principalmente a jovem, com formação...